Um poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas – com certeza!
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014
EVANDRO NAVARRO
1.Quem é
Evandro Navarro?
—Há vinte oito
anos compositor e músico. Nascido em 1965, sobre o solo de
Muzambinho - MG e sob o signo de sagitário.Filho
da D. Lourdinha e do saudoso Sr. Nestor, pai da Mariah e Nina.Um
poço de emoções, de sonhos, de coragens e também incertezas –
com certeza!
Teimoso,
às vezes ainda ingênuo e noutras desconfiado. Mineiro né!. Querendo,
pro outro, ser pau-pra-toda-obra e, de repente, pedindo algum socorro
também. Com fortes tendências (graças a Deus!) a ser feliz e
otimista. Um
chorão (emotivo) por natureza.
E
mais tanta coisa, que me conheço, e as que nem sei, ainda.
2.Apresentou-se em Ribeiro Preto na Orquestra Sinfônica da cidade com uma composição
sua. Conte-nos sobre essa sua apresentação. Quando foi, como foi...
—Aconteceu em
novembro de 2012. Com certeza uma das grandes, e raras,
oportunidades de minha carreira foi apresentar-me junto com a
Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto. E ainda por cima mostrando
uma canção de minha autoria: Alto Paraíso; arranjada pelo
clarinetista Bogdan Dragan e regidos pelo Maestro José Gustavo
Julião de Camargo.
“Orquestra
e Amigos” foi um Projeto que convidou artistas de Ribeirão Preto.
Imagina: você se ver no palco do Theatro Pedro II (monumental),
olhar pra frente e ver a casa cheia, olhar para trás (e dos lados) e
ver dezenas de músicos da mais alta qualidade, todos empenhados em
um trabalho seu. Uma vibração musical estonteante. Pensa a responda, a beleza, a sonoridade, a emoção disso.
3.Foi para o
Rio de Janeiro para batalhar pela sua carreira musical. Conte, por gentileza,
aos leitores da Fiandeira, sobre essa decisão, e como está sendo essa batalha.
—O Rio de Janeiro
marca um novo momento de minha vida e carreira. Transferir pra cidade
maravilhosa minha batalha é um grande desafio. Inspirador. E que
exige também uma outra determinação; eu que sempre vivi na barra
da saia de uma família fraterna e acolhedora, no convívio de amigos
tão queridos. Já chorei bastante (rs), mas também tem muito sorrir
nesta história de pouco mais de um ano. Componho diariamente,
motivado por isto tudo. E só isto já valeria esta fase e o intento.
Mas tem tanta coisa junto, nisto, que não dá mesmo pra “fiandar”
tudo aqui. rs
4.Além de
cantor e compositor, realiza também uma atividade jornalística. O que pode nos
comentar sobre ela?
—Não sei se é bem
um “jornalismo”, mas também não sei se deixa de ser.
Convidado pelo
Coletivo Fuligem (de Ribeirão Preto) faço parte, há quase um ano,
do programa de tv: Fuligem no ar. No qual sou, acho que posso
dizer,“repórter”. Fiz varias matérias culturais e entrevistas
no Rio e algumas também em Ribeirão. Gosto muito e acho que tem
gente gostando também. rs
Há algum tempo, eu
havia sido entrevistador de um quadro musical, num programa do SBT
regional; onde tive uma experiência bonita e motivadora, o que me
ajudou a achar que devia aceitar este novo convite.
5.Você
assinou o roteiro e a direção de um musical intitulado “O Brasil Bate Tambor”.
Conte à Fiandeira, por favor, sobre esse projeto.
—Poxa!, vejo este Show como outro desafio; por se tratar de um
trabalho de pesquisa.
Levar para o palco
algo que trate da negritude, acho importantíssimo, rico e de muita
responsabilidade. A proposta foi ter em cena músicos
afrodescendentes, com repertório, também todo relacionado à
proposta, de compositores ou textos que tratassem da questão.
Convidado pelo Instituto Plural, uma ONG de Ribeirão que tem também
como objetivo a valorização da identidade e cultura afro; onde fui
professor de violão e regi um coral de crianças. Inesquecível o
aprendizado ali.
6.Você de um
modo geral valoriza especialmente a amizade. Além da amizade, que outros
tesouros considera assim na vida?
—Caramba!!! Falar sobre a amizade e
amigos? Quantas entrevistas você me dá pra isto? rs Na verdade
nem sei se saberia, em palavras, me aprofundar tanto o quanto sinto.
Tenho mesmo como alta importância na vida buscar me relacionar da
forma mais afetiva, comprometida e responsável possível. Se
realmente consigo, não sei. Quem poderia dizer melhor são os
próprios amigos e a história que vou deixar. Mas neste momento me
ocorre tentar me expressar, a respeito, com um trecho da maravilhosa
canção: Solar, do Milton e Brant: “Saí de casa para ver outro
mundo, conheci. Fiz mil amigos na cidade de lá. Amigo é o melhor
lugar...”
Outros tesouros?
Meu Deus! Não são poucos não.
Cito alguns aqui:
família, a música, lugares, gentes dos lugares, tanta vida...
Com Claudio Barria
7.Aprecia a
Literatura Infantil? Tem composto canções infantis?
—Aprecio muito. Muito
mesmo. Mesmo já “adulterado”, posso sim a qualquer momento optar
por uma leitura do gênero, com o mesmo prazer e interesse que teria
por um texto de “gente grande”. Também nem vou entrar no mérito
da riqueza e importância dos livros na, e pra, vida de uma criança.
Entre tantos, falo de dois aqui que o menino Evandro ensinou ao
grisalho Navarro, de hoje, pra sempre, gostar: “A mina de ouro”
de Maria José Dupré e “O menino do dedo verde” , do francês
Maurice Druon.
Ah, e quase ninguém
sabe, tenho, faz tempo, um rascunho pronto, pra virar livro: Lucas e
a nuvem.
Canções infantis?
Sim, tenho muitas e adoro compôr dentro deste universo. Inclusive uma
linda ideia já bem formada, por se materializar, o livro- cd
ecológico: Um canto e meio; com o parceirinho poeta-ilustrador
Arnaldo Martinês Bacco Júnior. Ainda estes dias atrás escrevi um
textinho pra ser canção: Caiporinha. Naquele dia mesmo, lá na
FLIST, no Rio de Janeiro; naquela tarde linda, em que conheci você,
meu querido-novo-amigão, Marciano Vasques.
8.Como a
música surgiu em sua vida? Em que momento e por quais acontecimentos um dia
decidiu que queria ser músico?
—Vixi! a música em
minha vida???
Talvez porque a
música já fosse histórica na vida de minha família. Bisavós,
avós, tios, um montão de primos, todos muito ligados à música. As
rodas musicais em minha casa, desde sempre. Tenho várias
imagens-lembranças de mim muito menino dormindo no colo de algum
adulto - em meio a alguma cantoria. Irmãs e irmão mais velho tocam,
cantam, compõem. Mas profissionalmente, em casa, só eu e outro
irmão; os outros todos trabalham. rs Somos oito.
Em 1986, meu
professor de violão da época (Vicente Caetano) resolveu, por mim,
me profissionalizar; me intimou a substituí-lo num bar de Ribeirão
e nunca mais parei.
9.Insistência da PALAVRA FIANDEIRA num assunto já meio ultrapassado: Acredita no fim da era do livro de papel?
—O livro só acaba
quando o ser humano se individualizar de vez. E viver completamente
sozinho, a ponto de não carecer de mais ninguém, de nenhum
companheiro.
Pois, melhor
companhia que um bom livro, é difícil. Notebook nenhum, ou coisa
parecida, consegue fazer esta função.
O livro carrega em
si uma magia inexplicável.
Não depende de
bateria, de pilhas, energia elétrica... Mesmo à noite, basta uma
simples vela acesa e pronto.
Ninguém, mais que
um livro, te convida a sonhar, voar e cruzar o mundo; as galáxias,
por que não?
Ou te encoraja pra
uma incursão linda e desbravadora de si mesmo.
Ninguém mais que
um livro respeita, e permite, o que você sente e imagina.
Acabar uma coisa
assim??? Que jeito?
10.Tem CD
gravado? E, além disso, tem algum projeto musical que já pode revelar? Considerando que também faz a arte do
cinema, poderia aproveitar e nos contar sobre o curta - metragem que realizou,
intitulado “O poeta das quatro cord4s”?
—Tenho 5 CDs
produzidos, que os considero como obras de minha carreira.
Três deles são com
outros intérpretes cantando coisas minhas e me encantando.
Novos projetos? Sou
um desassossegado-sonhador, se eu revirar aqui meu íntimo, vou achar
vários desejos . Mas prefiro falar aqui de show que já esteja na
estrada, o Brasil Caboclo, por exemplo.
Brasil Caboclo
A arte do cinema em
minha vida é muito recente; e aconteceu porque conheci uma moça
chamada Monique Franco. Esta Professora me convidou pra conhecer o
seu lindo Projeto chamado Laboratório Audiovisual Cinema Paraíso,
na UERJ de São Gonçalo. E depois sabendo da minha vontade de filmar
o curta metragem O poeta das quatro cord4s, disse: Vamos lá! Vamos
fazer isto ser verdade. E então ganhamos a parceria do Coletivo
Fuligem, do qual vieram somar com a gente o cinegrafista Rafael Vital
e a produtora Mariah Navarro. Que alegria, termos podido contar, em
24 minutos, um pouco da vida do sambista Miguelzinho do Cavaco, que
mora no Morro Chapéu Mangueira – no Leme, Rio.
11.Como
interpreta em seu coração esse encontro com escritores e artistas, em seu
cotidiano?
—A música (arte) tem provocado, e promovido, em minha vida
experiências de situações e encontros impagáveis. Hoje já são
tantos irmãos queridos, cujas amizades foram amadrinhadas pela arte,
que nem dá pra contar em números.
O mais recente
deles, não por coincidência, é este querido entrevistador que nos
fala, Marciano Vasques. rs O padrinho, desta vez, foi o, nosso
querido amigo em comum, também escritor, André Luís Oliveira.
12.Deixe aqui
a sua mensagem final. Qual a sua PALAVRA FIANDEIRA?
—Poxa, uma palavra
fiandeira?
Pode ser um
verso? (de improviso)
Mas, antes, conto
que aprendi que: “Con-fiar é fiar juntos”.
Agora sim, agradeço
pelo papo, e, desfio umas linhas:
Sigo confiando,
porque fiando vou
Vivo acreditando,
pois desconfiando a nada me levou
Sinto que são
fios, a trama dos rios, virando cachoeira
A água que sai
de um fio lavra, palavra fiandeira
PALAVRA FIANDEIRA
ARTE, EDUCAÇÃO, LITERATURA
Publicação digital de divulgação cultural
EDIÇÕES SEMANAIS
ANO 5 — Edição 153
31 MAIO 2014
EDIÇÃO:
EVANDRO NAVARRO
PALAVRA FIANDEIRA:
fundada pelo escritor Marciano Vasques
Foto de Ieda Luttgardes